segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Infectadíssima...

 

Eu "entrei na dança" com 8 anos.
Quando foi que ela entrou em mim?
Um pouquinho antes, na escola.
Num dia bem comum todas as crianças foram sentadas
na quadra para assistir no intervalo a apresentação
de um grupo folclórico num sei das quantas.
Eu era uma das crianças que "tava nem aí" pro que se passava...
claro, até começar a tal apresentação.
A estrela do grupo? Um menino, de uns 9 anos. Praticamente da minha idade.
O menino era mesmo de outro mundo.
Fazia tudo exatamente igual ao resto do grupo mas, dele, saia uma energia, uma luz
uma coisa diferente sabe... era dele, só dele.
Quase no fim, o danado achou de cair. Cair feio com o joelho.
Os outros, treinadinhos "fingiram que nada aconteceu" e seguiram dançando.
O dito cujo ficou no chão com uma cara de choro - que eu nunca me esqueço.
Aí a plateia começou a bater palmas ritmadas e ele com a mesma carinha de quem
ia chorar a qualquer momento, fez diferente, começou a balançar a cabeça no ritmo das palmas
e sorriu.
E não é que o danado do menino com joelho chacoalhado e tudo mais
levantou e ainda fez a pose final?
Foi alí, naquele dia.
Naquela hora.
Com aquele menino - que eu nunca mais nem vi.
Foi naquele instante, quando meu dia cruzou com os passos dele.
Quando eu vi alguém dançando com tanta naturalidade pela primeira vez.
Era como se o ritmo saisse dele e não da música... era como se a coreografia não
fosse ensaiada...como se ele tivesse naturalmente executando uns passos...
Foi alí, alí que a "mosquinha" da dança me infectou.
E sigo infectadíssima.
E desde então, as vezes perto, as vezes mais longe do que eu gostaria,
quando eu me encontro com a dança, a gente sempre acaba tendo uma "conversa"
séria do tipo "por onde você andou?".
E me doi muito o coração ter que responder que "andei por ai, longe de você".
Como é que eu posso ter feito isso comigo mesma?
Por que eu mesma maltrado?
Quando eu vejo uma imagem como esta eu me lembro de como quando eu tinha 8 anos
e minha mãe me levou até a dança e de como foi o melhor encontro da minha vida.
E lembrando disso tudo, como é que eu posso deixar que O encontro, se desencontre?

ps. Aproveito aqui, para agradecer ao professor Everaldo Vasconcelos
que passou na minha caixa de correio esses dias e me deixou um filme mais lindo que o outro.
Tenho chorado muito assistindo-os, mas saiba professor, que não podiam mesmo ter aqui estado em melhor momento.
MARI

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