quinta-feira, 10 de abril de 2014

Juventude Transviada...


Fala sério, qual o problema da juventude do século XXI?
Mais uma vez estampam-se os noticiários com um caso de aluno do ensino fundamental que invade a escola e sai matando (dessa vez a facadas) friamente quem encontra pela frente - colegas ou não de sala, professores e funcionários.
Onde? Nos EUA. 
Nesse país esses casos até são comuns. Eu, já nem me choco tanto. 
O que vem deixando preocupada a é minha curiosidade que reacende
 a cada novo caso desse de violência norte americana:
"por que o jovem daquele país é tão violento? 
Por que age com tamanha frieza contra aqueles que,
muitas vezes, fazem mais parte de sua vida do que sua própria família?!"
Sempre fico pensando nestas questões... 
será que nos EUA essa situação de tamanha violência entre os seus jovens
já não deve ser tratado como um caso de "segurança pública"?!
(...)
Bom... mas o que me fez vir aqui escrever e desabafar 
foi mesmo um sentimento que tem cada vez mais tomado conta de meus receios profissionais  - sim por que sou professora, educadora por ofício:
"que papel a escola brasileira 
(meu lócus de trabalho que POR ACASO tem a finalidade de EDUCAR a juventude do meu país tendo a mim como um dos principais ATORES neste sentido)
tem desempenhado na vida desses jovens? 
Por que eles estão cada dia mais agressivos com os colegas, com seus professores, com gestores e profissionais? 
Por que depredam cada vez mais os patrimônios escolares (paredes, cadeiras, áreas comuns)  e seus próprios materiais (livros, cadernos, estojos)? 
Por que tudo o que representa e significa alguma relação com o universo escolar é tratado pelos nossos alunos de forma, crescente, tão negativa e agressiva?".
Isso tudo de fato me assusta, me preocupa. 
Mas principalmente, me entristece.
Entristece-me por que essa minha observação é referente a universos múltiplos, logo, infelizmente, a meu ver, e diante das minhas experiências,
é uma situação generalizada: 
não importa se escola pública ou privada pequena/grande.
A reflexão que me persegue é: 
"por que a escola, e tudo o que a envolve, é visto de maneira tão negativa pelos alunos? Por que designam a ela agressividade e violência quando deveriam alí depositar - no mínimo - interesse?".
Acredito (inclusive me incluo, como educadora escolar, nesse nicho) 
que esses problemas são frutos de inúmeros fatores que associados têm resultado nessa situação toda.
Mas não posso deixar de me entristecer ao perceber que entre esses fatores há a nítida percepção de que os alunos muito pouco ou NUNCA se identificam com a instituição/ambiente escolar.
Sim, por que se houvesse o mínimo de identificação e, consequentemente, de zelo, cuidado, interesse - e quiçá carinho - pela escola MUITO de tudo isso não existiria.
Como não trazer um tanto dessa "culpa", para mim - educadora escolar? 
Devo estar fracassando como educadora neste sentido...
não consigo contribuir significativamente  para que estes alunos se identifiquem com o ambiente escolar, com seus fazeres, com o aprender que ele pode lhes proporcionar...
Apesar de acreditar que a "culpa" não é de um só sujeito, penso que todos nós atores escolares,precisamos estar preocupados e empenhados nessa causa:
a da significação da aprendizagem.
Esse é o segredo do sucesso escolar a meu ver.
Essa sim é a grande vilã dessa situação: a significação da aprendizagem. Aliás, a falta dela.
Assim, o aluno, que não entende o porquê vai à escola, 
nem por que precisa adquirir aquele monte de conteúdo muito menos para que boa partes serve, só pode mesmo se "revoltar" contra essa obrigatoriedade de passar a maioria de sua infância e adolescência frequentando um espaço que lhe impõe um monte "insignificâncias". 
Resultado? Violência - agora cada vez mais - física e depredativa contra tudo o que represente isso.
O problema, claro, vai MUITO mais além da insignificância dos saberes escolares:
- essas crianças e jovens são no máximo alunos, pouquíssimos descobriram o prazer de ser estudantes.
- muitos moram em casas, mas não possuem lares.
- a família deles é completamente desestruturada e esfacelada. São expostos cotidianamente a situações que nem muitos adultos resistiriam incólumes.
- a referência de respeito e autoridade praticamente não existe.
- os conceitos de limite e dever estão em extinção. 
- não possuem infância de fato, brincando e interagindo saudavelmente com outras crianças e assim socializando e dividindo saberes, brinquedos, situações e interesses.
Some-se a isso tudo um mundo que apresenta, principalmente via mídia e eletrônicos, 
TUDO a TODOS descomedidamente. 
A violência e o desrespeito são ideias disseminadas subliminarmente e muitas vezes explicitamente. 
E o que para mim, causa maior temor:
falta, no mundo "moderno", Deus no coração das pessoas
O ateísmo cresce na velocidade da luz e junto com ele
o destemor, a valentia desmedida, o atrevimento e o sentimento de que "nada temerei", “posso tudo”...
Por isso, quando encontro algum aluno que possui uma religião, me alegro. Alegro-me profundamente (independente de qual religião seja) por que sei que alí existe orientação, rumo, existe um "por que" e um limite para suas ações e desejos. 
As coisas estão difíceis e acredito, infelizmente,  ainda podem piorar demais.
Só me pergunto até quando vamos ficar, no máximo, analisando-as.
Quando vamos começar a elaborar planos de ação e APLICA-LOS a fim de resolver isso tudo?
Empurrar esses problemas com a barriga não vai resolvê-los. 
Culpabilizar "a" ou "b" e esperar que outros resolvam também não vai melhorar a situação.
É preciso agir. E rápido.
A juventude está transviada e vai piorar. 
Cabe a nós todos, e também a escola, aceitar ou virar o jogo.

MARI

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