sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cheiro de oportunismo nas entrelinhas...


(SOBRE OS MANIFESTOS POPULARES DOS ÚLTIMOS DIAS)
Movimento difuso, sem foco, sem organização.
Sair por sair, não se sabe bem para onde, nem para o que, muito menos onde se quer chegar.
Não se sabe se grita, se corre, se dança, se dá tchau pra câmera e manda beijo para mãe...
"é festa? Tô bonitinha? Pode paquerar?".
Continuo em casa em observação.
Sou historiadora MAS NÃO estou na rua.
O movimento é tão heterogêneo que não consigo emitir opinião.
Minha maior questão é: "parece mesmo o que é?" Não sei...
Não vou gritar simplesmente. Não dá!
Anexo aqui um texto publicado nas redes sociais pela amiga Barbara Belmont.
Já me tranquilizo um pouco em saber que algumas pessoas também começam a se preocupar.
"Quero saber onde isso tudo vai parar! Um movimento sem liderança e sem pautas reivindicatórias nunca poderá negociar com ninguém. Vão negociar o que? Se não tem liderança, todos são líderes. Seria importante que cada um refletisse: "Se os governantes me chamassem para negociar, o que eu diria?". Falar em pautas genéricas como educação, saúde, segurança, combate à corrupção é simples. Todo mundo, no fundo, deseja isso. Mas o que as pessoas querem de concreto? O que pode ser negociado para que os governantes digam: "Ok, vamos atender seus pedidos em X tempo." Até o dia em que não existir uma pauta definida e, sobretudo, uníssona, não vai ter como se chegar a uma solução, a um momento em que todos se sintam contemplados e satisfeitos. E aí, indevidamente, alguém (que ainda não sabemos quem) vai se manifestar como Salvador da pátria. Foi isso que assistimos da última vez em que o povo foi às ruas com reivindicações dispersas. Tivemos um golpe militar. Inicialmente era algo disfarçado, que parecia ser o melhor caminho. E os livros de história nos mostram que não foi bem assim. Sabemos que ir às ruas e cantar o hino é muito bonito. Que sensação maravilhosa de patriotismo! Os jovens de hoje têm saudade daquilo que não viveram. Dos tempos em que as pessoas pintavam o rosto e se manifestavam. Mas precisamos lembrar que, tanto no caso das Diretas Já, quanto no Fora Collor os protestos tinham um objetivo final, tinham metas a serem alcançadas. Mas e agora? Vai parar onde e quando? A UNE (representante de todos os estudantes) foi chamada para negociar. Mas disse que não era a líder do movimento. O MPL que iniciou os protestos em SP já não é capaz de responder pela onda que se espalhou pelo país. Na verdade, poucas pessoas que estão na rua sabem o que é o MPL. Muitos nunca discutiram políticas públicas e vão às ruas impelidos pelo senso comum, sem terem consciência crítica. Virou cool se manifestar. Se toda essa multidão sair transformada, com anseio de depositar seus votos baseada em argumentos coerentes, terá valido à pena. Mas não sei se tais mudanças estão ocorrendo.
Temo onde isso tudo vai terminar, porque o movimento que assistimos não tem um lugar de chegada, um ponto que, quando alcançado, possamos dizer: "chegamos ao nosso objetivo". Será que esta multidão vai esperar as eleições de 2014 para se manifestar pelo voto? Será que só vai parar quando derrubarem todos os parlamentares, a presidenta e os governadores (que, diga-se de passagem, foram eleitos pelo voto universal)? E quem assumiria? Não sabemos. Não há líder nem uma causa clara. Alguém pode se apoderar indevidamente disso tudo (e já estão se apoderando) e caminharmos para uma nova ditadura, um golpe de estado. E não se iludam: será algo disfarçado. Tenho muito medo. Espero demasiadamente que tudo isso seja apenas um alerta aos políticos de que o povo está de olho (será que realmente está ou será que continuaremos a ver pessoas votando por interesses particulares e depois permanecerão sem acompanhar ou fiscalizar as ações dos eleitos?). Que tudo isso não abra espaço para um golpe de estado nascido e fortalecido no seio conservador de nosso país. Fiquemos atentos. Ou vocês querem um novo golpe? Que fique a reflexão..."
MARI
:/

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