sexta-feira, 26 de julho de 2013

Educação para que?!

Não é que eu seja pessimista,
mas vamos encarar os fatos que a pesquisa
sobre a História da Educação brasileira nos mostra:

TRECHO SELECIONADO 01:
[...] É por isso que (eu digo com dor) a mais nobre das profissoões (a de professor)
torna-se uma colmeia de afilhados e protegidos: e quem não tem do que viver, quem não
acha um empreguinho, um logar de continuo ou servente em qualquer Repartição Publica,
julga-se habilitado para exercer o magistério!
(PARAHYBA DO NORTE, Relatório do Presidente da Província, 1884, p.60-61)

TRECHO SELECIONADO 02:
[...] a escola funciona em um prédio próprio do governo o qual acha-se em
péssimo estado de funcionamento conquanto dispunha de duas enormes salas
que acomodam grande número de alunos. Nota-se a má divisão das mesmas pelos
fundos e na frente as janelas não tem um só vidro, além de outras coisas que faltam...
(WOLFF, 1922.) Descrição de uma escola em Santo Amaro/SP em 1882.

Estes são dois brevíssimos exemplos que elenquei entre os inúmeros com os
quais temos nos deparado nas pesquisas sobre a configuração da Educação brasileira.
Se omitíssemos as datas e circunstâncias, e salvo as proporções - claro - não seria SUPER
possível que alguém dissesse que se trata de uma descrição da situação atual da Escola?!
Não é triste constatar que mais de 100 anos depois quase nada mudou?
(e olha que para não assustar-lhes voltei só 100 anos no tempo...)
Discutiu-se ao longo do tempo novas abordagens, novas perspectivas, novos métodos,
novas arquiteturas, novos currículos, novos tempos... mas a aplicação de todas as "teorias"
educacionais sempre - ao que me parece - (pelo menos quando se trata da educação no Brasil)
esbarra na muralha firme do "sistema".
Um sistema que, vamos combinar, nunca teve (nem nunca terá) interesse em fazer das
pessoas seres humanos sociais, políticos e culturais realmente pensantes, reflexivos e críticos.
Seres que alimentem uma atitude questionadora, filosófica... que duvidem,
que se admirem e sejam ativos, reais protagonistas de seus destinos no presente e futuro
da sociedade na qual estão inseridos.
Afinal, para que Educação?
(...)
Pensando bem, qual governo "em sã consciência" vai investir na construção de um perfil
de sujeito (descrito acima) "educado" de fato? NENHUM!
Nenhum governo "esperto" daria um "tiro no próprio pé" não é?!
Por isso é que sou completamente REVOLTADA com o discurso
atual no qual se alimenta a LINDA ideia de que estamos realizando a "inclusão educativa",
já que estamos levando às pessoas as universidades.
Vive-se o acesso ao conhecimento acadêmico.
Ou seja, em tese, em menos de uma década, teremos uma população intelectualizada.
Intelectuais? Como, se não sabem dar significado a nada?
Se, vamos admitir, não sabem nem ler!
Estamos mesmo investindo numa "educação inclusiva" ou estamos maquiando a realidade
e acreditando, nos iludindo, com ela?!
As escolas fingem que ensinam, os alunos finguem que aprendem.
Os professores recebem seus salários. Os alunos recebem seus diplomas.
Os professores parcelam em 1000 vezes seu consumismo e literalmente sub-existem.
Os alunos ingressam na faculdade e viram o "orgulho" da família.
Depois, alunos (agora graduados) e professores (em poucos anos de profissão já decepcionados com a carreira) viram concurseiros felizes, afinal, "brasileiro não desiste nunca".
Ambos os sujeitos passam a alimentar a lucrativa máquina dos concursos.
Assim, todo mundo fica "feliz": alunos, professores e empresários.
Vivemos na era do "faz de conta" nas escolas.
Tudo é fantasioso.
A educação de fato existe naquele espaço? E nas faculdades?
Realmente universaliza-se conhecimentos?
Acho que em ambos os casos estamos na verdade é distribuindo diplomas...
e a educação fica onde nisso tudo?
Pode-se mesmo fazer da educação mercadoria?
Eu pensava que não... mas eu sou "e.t" né? Já vi que ando na contramão...
A educação para mim não é produto, muito menos está a venda
ou pode ser distribuida como quem entrega panfleto no sinal.
A educação é tão, tão, tão maior que isso.
Não, o que temos feito - a muito mais de 100 anos - não é educação.
O que temos feito é "feira".
Mas tudo bem, afinal de contas: Educação para que?!
MARI
:(
(Depoimento de uma professora frustada e pesquisadora da Educação desiludida).

Um comentário:

Mari Marques disse...

Obrigadinha ela visita e comentário. Fico feliz em saber que vocês passam por aqui e prestigiam meus pensamentos. :D