quarta-feira, 4 de março de 2009

Olga Benário Prestes



Olga. Filme brasileiro do Jayme Monjardim.Baseado no livro de Fernando Morais. Apresenta-nos a vida da militante alemã Olga Benário Prestes.
Eu não me canso de ver nem de elogiar.
Uma obra prima do NOSSO cinema.
E tirando todo o ônus artístico da obra que é fantástica e das atuações espetaculares, escrevo esse post pra falar da personagem/exemplo Olga Benário Prestes.
É impressionante como alguém pode ser tão linda no sentido literal da palavra.
Como não se apaixonar por um caráter tão sublime, tão humano, tão bondoso?
Olga foi antes de tudo um ser humano engajado na causa, interessadíssima na humanidade.
Como seria maravilhoso se vivêssemos num sistema econômico/político/social denominado JUSTIÇA, assim como ela sempre sonhou ? Se todos vivêssemos de maneira justa, só isso, já estaríamos no Paraíso, e terreno! - que maravilha seria.
Me lembro tanto da vida dessa mulher nas minhas atitudes... “como ela agiria no meu lugar?” “ela estaria participando disso?” “no que estaria preocupada/engajada?” “como se sairia no meu século?”, se um dia eu pudesse lutar e me doar, abrir mão de tudo assim como ela, como seria diferente a minha vida, como tudo valeria a pena.
Será que é preciso o caos completo, como o nazismo, batendo em nossas portas para que as atitudes e as posições sejam tomadas? Porque é tão difícil pensar o quanto seríamos felizes, no sentido pleno da palavra, se fôssemos menos desumanos, desiguais, preconceituosos, egoístas, individualistas e ambiciosos?
Não estou dizendo que é santa e que não tinha defeito ou pecado nenhum. Era humana como nós, fraquejou, sentiu medo, perdeu batalhas e não esteve no final pra comemorar a vitória...mas nunca perdeu o tino, nunca esmoreceu, sempre retomou o fôlego para continuar da maneira como podia nas situações mais adversas em que se encontrasse. E é também por isso que a admiro. Poderia ser mais uma burguesinha metida, uma conformada cordeirinha. Ou ainda mais uma judia fugitiva como tantas outras que no meio daquele inferno pensava em salvar a própria pele e nada mais (o que já era por si só um fardo quase impraticável).
Mas Olga não optou pelo mais fácil. Ela sabia dos riscos eminentes do caminho escolhido, mas encaminhou-se de peito aberto, sem olhar para trás, fazendo a sua parte.
Todo mundo tem um lado bom e um lado ruim, e eles estão em constante briga dentro da gente pra ver quem é que ganha e nos domina. Sabe quem vai sair vitorioso? Aquele a quem a gente alimentar. Ela alimentou o lado bom, e sei porque sinto, sua luta não foi em vão. Morreu na certeza de ter feito tudo o que pôde dentro das suas possibilidades quase imobilizadas.
As vezes me vejo com medo da morte, mas repenso a questão, e percebo que não é ela que me assusta, e sim a distância física daqueles a quem amo que a funesta me proporcionará. E, procurando consolo sempre repito: pelo menos estarei muito ocupada aprendendo muito, já que finalmente conhecerei a Olga e o Luís Carlos.
1940,1950...Numa época em que as pessoas eram muito mais formadas do que informadas (totalmente diferente de nós), as personalidades marcantes, de posições firmes lutavam pra fazerem a sua parte, o que é tão raro de se perceber hoje...tomar posição, correr atrás, fazer acontecer...trocamos tudo isso pela segurança individual, pela propriedade privada, pelo eu, sempre eu.
Sou tão frágil, tão pequena, tão efêmera meu Deus, o que posso fazer pra ser uma tantinho só daquela “pequena” valente que cruzou o Oceano para lutar pelos direitos do povo de um país que ela nunca tinha visto?
Eu procuro sempre pensar nisso: alimentar o lado do bem, esquecer o individualismo/egoísmo/e a infeliz da ambição, e lutar firme, sem exitar, pelas posições justas, pelo bom, pelo melhor do mundo. E quem quiser que zombe e que se rasgue por dentro, que me chame de sonhadora, de comunista, de hipócrita... e que me teste! Perceberá- e me orgulho muito disso- que mesmo de relance o reflexo da força da Olga está sempre presente nas minhas escolhas e nos meus caminhos.
Assim, quando a morte me alcançar eu não temerei, mas saberei fazer-lhe frente de cabeça erguida quando for necessário.
Sei que dessa vida, só levo o que de bom eu construí, o que me engrandecer como pessoa. Por isso, nunca temerei, porque só eu sei a bagagem que carrego e do Deus que me ilumina, nada temerei.
MARI

3 comentários:

Mariana Dore disse...

Comunista, Mari. Mas são os pensamentos comunitas, sim, os mais justos, mas lutadores e mais sonhadores. Não a loucura comunista, mas a teoria. Tudo seria, sim, melhor se todos pensassem como Olga, por exemplo. Ela viveu e morreu por uma luta que não foi ganha, mas que ela, com sua força de vontade quis dar o exemplo, pra que todos soubessem o que fazer. Não teve medo do impossível. Realmente tamb´m a admiro. E luto como ela por causas do meu meio.
Vejo tantos descasos da saúde. Mas continuo agindo como eu acho ue deveria. Não custa dar uma maior atenção ao paciente, por mais que ouvi-lo não seja minha função. E muitos me recriminam, mas um dia tudo será mais justo e será dado a devida importância as coisas "pequenas"...

Viajei no teu post, pra outro mundo completamente diferente, mas onde se aplica as mesmas teorias...
=**

(Isso dá um post... vou posar mais tarde sobre isso)

Cadinho RoCo disse...

A liberdade que temos e trazemos em vida deve ser não só respeitada como assumida antes por nós mesmos. Existem propósitos e propósitos esparramados mundo afora e por isso é que somos chamados a asumir aquilo que de fato atende à demanda do nosso âmago. Uma vez referendada pelo amor, a vida passa a assumir dimensão incomensurável. Somos muito mais do que pensamos ser sempre.
Cadinho RoCo

roxana disse...

Si nada temes, puedes considerarte LIBRE!
Buen fin de semana
Besito